Dá até um alívio começar essa Newsletter falando que a semana foi mais tranquila e não que, sei lá, foram setes dias de pequenos desastres acontecendo (de novo). E ao mesmo tempo me deu um branco tipo “Caramba, o que eu falo agora?”
Bom, alcancei 80 páginas no livro de 13 Coisas, e completei 30 mil palavras. E eu estou com muita vontade de cometer um surto e comprar um ingresso pro show da Dua Lipa, mas não sei ainda. Tenho uns dias pra pensar antes de me jogar.
Então me veio: por que não falar de amor?
Sinceramente, acho que o campo amoroso é uma das poucas coisas frustrantes na minha vida agora. Assim como também frustra boa parte das pessoas. Mas, de certa forma, é reconfortante não ter nenhum problema nas minhas costas nesse exato momento e poder focar um pouco nessa área da vida.
(Também estou com medo de escrever que as coisas estão bem e depois acontecer alguma desgraça gigante quando eu for pro trabalho, mas seja o que Deus quiser)
E, claro, sei que é algo que incomoda um grande número de pessoas. Não ter alguém, estar solteiro, sozinho. E nessas horas que a gente olha ao redor e parece que ninguém mais passa por isso. Comigo parece que quase todo mundo que eu conheço namora, menos eu. De cabeça consigo pensar numas cinco pessoas.
Aí eu me divido em duas partes, duas vozinhas na cabeça:
1 - Uma desesperada, temendo que todos vão arrumar suas vidas, encontrar outras prioridades que não sejam as amizades e ficarei para trás, sendo a amiga solteirona
2 - A que sente que só não foi feita pra isso. Que não nasceu para ter alguém mesmo, e que é uma merda, mas it is what it is
No fundo, provavelmente 1 e 2 não existem separadas. São na verdade 3, uma junção dos dois capetinhas, que quer desesperadamente ser amada e, ao mesmo tempo, tem medo disso. E mais medo ainda de que isso nunca vá acontecer
Além disso, eu sou uma pessoa que não dá atenção às próprias dores. Em boa parte do tempo, sinto que sou dramática. Mas é difícil não achar ao menos um pouco cômico quando lembro de que tenho apenas 21 anos.
Só que ao mesmo tempo, sei que se fosse outra pessoa reclamando disso, eu provavelmente não ia menosprezar desse jeito. O que leva a outro problema também, bem ligado à falta de amor próprio.
Sinto que isso é mais comum do que a gente gostaria. Pessoas que não se amam nem um pouco procurando desesperadamente que outras pessoas as amem. E sim, sou uma dessas pessoas.
Acho que isso tem muito a ver com a gente buscar o que não tem. A ânsia de ter e o tédio de possuir, já dizia o grande Schopenhauer. Como não possuímos, vivemos naquela ânsia para ter em mãos, para conquistar o que falta. Ainda mais quando, na nossa visão, todo mundo tem.
E isso vale para tudo, obviamente. A gente quase nunca foca nas coisas boas que já temos, mas sim no que ainda queremos, no que falta.
Eu nunca fui a pessoa com uma vida amorosa movimentada. Tipo, meu primeiro beijo foi com 16 anos. E na época me sentia muito mal justamente porque todo mundo já tinha beijado alguém antes, menos eu.
Pior que eu genuinamente estou só escrevendo, sem um roteiro pré-definido, e agora que me dei conta de que 2019 foi há seis anos e não estou mais no Ensino Médio há muito tempo, estou assustada.
É, agora eu tô numa idade um pouco séria. Ai, meu Deus.
Bom, mas acho que pensar nisso pode trazer uma esperança, também. Dependendo do ponto de vista. Vem cá comigo.
Seis anos atrás, como bem comentei, minha preocupação era que nunca beijei ninguém. Seis anos atrás, eu escrevia fanfics e divulgava feito doida para conseguir mais leitores, e toda vez que minha mãe sugeria de eu virar escritora, eu dizia que não queria, que queria escrever por hobby. Eu escrevia protagonistas bissexuais, e sabia que eu era bi, mas não tinha coragem de me assumir. Seis anos atrás eu era completamente apaixonada por um garoto que nunca me viu da mesma forma.
Bom, seis anos depois, primeiros beijos não são mais uma preocupação. Tenho três contos publicados, escrevendo um quarto, e também um romance. Quase todas minhas protagonistas são bissexuais, e a partir de agora todas serão. Bato no peito e digo com orgulho que sou bissexual. Infelizmente, me apaixonei por um cara que não sente o mesmo k Nem tudo mudou, fazer o quê. Mas ao longo desse tempo eu conheci pessoas, vivi algumas coisinhas amorosas, enfim.
Mas o que estou tentando dizer é que as coisas mudam. Pense o que te incomodava há seis anos, o que te deixava doida só de pensar em 2019. Era o vestibular? Era um trabalho ruim? Uma pessoa enchendo o saco?
Essas coisas te incomodam agora, seis anos depois? Muito provavelmente não. Pelo menos não todas as coisas. Por quê? Porque o tempo passa.
Muita gente visualiza o tempo como grãos de areia na ampulheta, mas eu gosto de imaginar como um rio.
As águas vão embora, seguem seu caminho. O pedregulho que estava na nascente ficou por lá, a água flui de qualquer jeito.
E para muitas pessoas isso pode ser assustador. Porque às vezes as coisas boas também vão embora. Mas para coisas novas surgirem, algumas precisam acabar. Algumas coisas deixam de ser boas, deixam de caber nas nossas vidas, naquela parte do rio. E tudo bem. Coisas melhores vão aparecer se a gente deixar fluir como deve ser.
Engraçado que era para ser sobre amor, mas isso se encaixa em muita coisa, né? Mas acredito que amor é um pouco mais complicado. A gente é ensinado desde criança que todo mundo precisa da metade da laranja, que a vida sem amor é incompleta. E o ser humano precisa do contato, da afeição, então de certa forma é verdade.
Mas tem vários tipos de amor. Não tenho ninguém para namorar agora, por exemplo. Só que tenho as melhores amizades que eu poderia ter. Claro, não é a mesma coisa. A gente não dorme de conchinha com melhor amigo.
Pelo menos eu não. Você não sei, vai que, né?
Enfim. A vida é longa. Claro que dói não ter alguém, mas quando a carência não está no seu auge, estou tentando focar nas coisas que eu tenho. Nem sempre é fácil, mas ajuda.
E, com muita esperança no coração, digo que daqui seis anos, as coisas serão bem diferentes para mim, e para você também.